quarta-feira, 25 de julho de 2012

José Ángel Cilleruelo

  A CASA


 Verão livros amontoados e sem ordem.
 Muito lidos, os romances de Joaquín Belda
 Assustarão a alguém. Não vão achar diário
 Nem sublimes escritos com intimidades.
 Não há quadros no quarto. Não há outra ilusão
 Além de uma esferográfica que ainda escreva,
 Um envelope, um selo... E quando procurarem cartas
 Apenas verão velhos recortes de jornal.
 Os cadernos que me ofereceram em Málaga.
 Péssimas fotografias de família. Onze
 Versos casuais de um soneto inexistente.
 E um feixe de razões para o esquecimento.
 Quando abandonar a casa o último dia
 Pouca vida mais nela encontrarão.


 trad. de Joaquim Manuel Magalhães.
 in Hífen 9 - Poesia Hispânica, Porto, Setembro de 1995.

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