segunda-feira, 13 de junho de 2011

O recato dos cães-de-fila

A Direita recentemente eleita em Portugal, pede agora recato, discrição e congeminações políticas fora da "praça pública". Então onde estão as "transparências" que tanto apregoavam enquanto depejavam as piores escórias sobre Sócrates e o seu governo?
Ainda há-de ser feito um estudo de base psicanalítica da identidade lusa, acerca da demonização da figura de Sócrates levada a efeito, não só pelas classes pouco instruídas, mas também pelas classes mais informadas e com responsabilidades teóricas. Estas, mal dissimulando os seus interesses partidários e ressentimentos de vária índole, acabaram por engrossar o caudal de mastins agressivos e mentalmente pútridos que se colocaram ao lado dos guerrilheiros anti-Sócrates.
A parvoíce foi tamanha que, na noite das eleições, ouvi ingénuas cidadãs a festejar a vitória das direitas com a frase: "O que interssava era tirar de lá o Sócrates." Ainda hoje fui ao meu dentista, que citando o merceeiro Belmiro de Azevedo, disse mais ou menos o mesmo.
E então qual a reflexão, o progresso social ou ideológico, a ética republicana, o humanismo que reflectem estes "desabafos"? Ou o ganho económico?
Da cegueira de um Zé Povinho iletrado, com os seus "tomas" e outros meneios básicos, ainda se poderá esperar tudo e, quiçá, desculpar outro tanto, mas de gente como José Gil, que escreveu sobre o medo de existir dos portugueses, ou António Barreto, sociólogo com peneiras a presidenciável, não se esperava atitudes tão odientas.
Quanto ao António Barreto, indigitado para presidir às comemorações do Dia de Portugal por Cavaco Silva, é de facto mais uma das singulares opções para tal efeito, do PR. Pobre Camões, tão menosprezado pelos poderes do seu tempo, e que serve de álibi para uns políticos narcísicos, cheios de ganância de poder e das mais-valias que ele confere, cantarem de galo umas soturnas contradições.
Aliás, o PR Cavaco Silva tem uma espécie de toque de Midas invertido: rodeia-se de gente questionável a muitos títulos, tipo Dias Loureiro, Catroga, Manuela Ferreira Leite, etc. Foi deprimente a lista de condecorações do 10 de Junho. A seguir a MFL, boa percentagem de grandes postos militares. A disfarçar, lá estava um bombeiro com cem anos.

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