quarta-feira, 21 de julho de 2010

Toponímia da alarvidade



Não deixa de ser caricato o resultado da votação camarária que vetou o nome de José Saramago, como topónimo, para a cidade do Porto. Como portuense, bisneta de portuenses, não deixo de me indignar por semelhante palermice e incoerência cultural. A pequenez conceptual desta gente é tão ridícula, que não entendem que com estas atitudes só mostram de maneira muito eficaz que não percebem a importância da Lusofonia e do Prémio Nobel que a distinguiu e que será sempre um valor inapagável para a nossa Cultura.
Pergunto-me que primazia, na vasta toponímia da cidade do Porto, terão nomes de ruas como Rua Nova, para não falar nas dezenas consagradas a nomes de santos, que já não se identificam muito bem, pois há vários santos com o mesmo nome, como Santa Helena e Santa Isabel, só a título de exemplo.
Nem sempre um acto cultural é dispendioso, como prega a actual presidência da câmara municipal do Porto. Ora aqui está um que pouco ou nada lhe custaria; mas para isso, a dimensão intelectual teria de ser outra.


Câmara do Porto nega nome de rua a Saramago


JN 2010-07-14

CARLA SOFIA LUZ

A maioria PSD/PP, liderada por Rui Rio, que gere a Câmara do Porto recusou fazer uma homenagem póstuma a José Saramago. A proposta partiu da CDU. O vereador Rui Sá sugeriu que o escritor fosse agraciado com a atribuição do seu nome a uma rua do Porto.

Mas a sugestão não foi acolhida pela coligação, que, de acordo com o comunista, não justificou o chumbo. A rejeição foi decidida, ontem, de manhã, no momento da apreciação do voto de pesar pela morte de José Saramago, apresentado por Rui Sá na reunião do Executivo portuense.

A maioria PSD/PP entendeu que a votação deveria ter dois momentos. O primeiro visava o reconhecimento do contributo do escritor para a “divulgação e o prestígio de Portugal” e a apresentação de condolências à família.

A CDU e o PS optaram pelo voto favorável, o presidente e cinco vereadores do PSD/PP abstiveram-se e Manuel Sampaio Pimentel (PP) votou contra.

O segundo momento recomendava a homenagem a Saramago, propondo a atribuição do nome do escritor a uma rua da cidade. No entanto, a recomendação foi chumbada por Rui Rio e pelos seis vereadores do PSD/PP. O vereador socialista Vilhena Pereira optou pela abstenção, enquanto os restantes autarcas da CDU e do PS mantiveram o voto favorável.

O chumbo deixou Rui Sá “chocado”, lamentando que, na liderança de uma “cidade liberal como o Porto”, estejam “os seguidores de Sousa Lara”.

2 comentários:

josé albergaria disse...

Pequeninos, pequeninos, a desmerecer o Porto Liberal, de grandes jornalistas e notabilíssimos homens e mulheres de letras.
O que me, e nos consola, é que esta gentinha não se confunde com a cidade e, deles, nela não restará nada, a não ser pó e cinzas.
Do Saramago falar-se-á daqui a muitos séculos.
Um abraço grande,
J.A.

Anónimo disse...

Obrigada, caro amigo.
Também ouvi dizer que os de Mafra, não deixaram pôr o nome de Saramago na Escola....

I.