sábado, 26 de setembro de 2009

A nossa flor de eleição

Colhida no "mainstreet"

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Prefiro as rosas, meu amor, à pátria,
E antes magnólias amo
Que a glória e a virtude.

Logo que a vida me não canse, deixo
Que a vida por mim passe
Logo que eu fique o mesmo.

Que importa àquele a quem já nada importa
Que um perca e outro vença,
Se a aurora raia sempre,

Se cada ano com a Primavera
As folhas aparecem
E com o Outono cessam?

E o resto, as outras coisas que os humanos
Acrescentam à vida
Que me aumentam na alma?

Nada, salvo o desejo de indif'rença
E a confiança mole
Na hora fugitiva.


Ricardo Reis (Odes)

1 comentário:

jose albergaria disse...

Isto, sim, é o essencial que, só os grandes poetas, sabem dizer e fazer-nos sentir.
Vou surripiá-lo para a minha rua.
Abraço.
J.A.